28 COM A JU || 1 ano de entrevistas

(quase todos os artistas entrevistados estão na foto)

Ter começado a fazer entrevistas foi algo que não foi minuciosamente planeado. Tinha entrado de férias, queria começar a fazer qualquer coisa e achei boa ideia perguntar se podia fazer entrevistas no CAEP. Responderam-me prontamente que sim, que podia, e comecei logo nessa sexta-feira com os Country Playground. 

Correu bem! Eles tentaram "furar-me" a entrevista (eu lembro-me Rodrigo e Fernando, sim?), mas explicaram-me que foi só para me testar. Foi bom terem feito isso e aprendi logo qualquer coisa: as bandas (ou os artistas) nem sempre vão facilitar a vida aos entrevistadores. Logo na primeira entrevista aprendi que há coisas e coisas que se devem (ou não) perguntar.

Seguiu-se a segunda e uma das mais longas entrevistas que eu já fiz: Daniel Catarino. Foi bom, foi agradável, fiquei com imensas histórias para contar. Aprendi que determinadas pessoas têm tanto para contar que a conversa pode durar horas e parecer que só se passou um pedacinho.

Aprendi que às vezes vamos fazer entrevistas doentes a artistas cansados. E aí o tempo vai parecer que se prolonga. Aprendi que também não vão ser respostas tortas que nos vão fazer desistir se gostarmos mesmo das coisas. Aprendi que há pessoas que nos vão marcar... e outras nem tanto.

Aprendi que há artistas que são completamente doidos e gostam de ser excêntricos. Artistas que dão entrevistas em casas de banho, por exemplo. Aprendi que fazer estas digressões pode ser (é) cansativo e pode dar cabo daquela pessoa que se sente sempre bem.

Aprendi que, por mais conhecida que seja a banda, há gente que será sempre carinhosa. Há gente que te vai oferecer o casaco se estiveres com frio (Tatanka e Miguel ❤). Há, até, gente que te vai perguntar se não queres jantar ou ir beber um copo.

Há artistas que vão esperar que a tua boleia chegue, há artistas que vão dizer que somos maravilhosos! (meu querido Berg!)

Há artistas que vão gostar das nossas perguntas, outros que se vão sentir incomodados. 

Há artistas que vão dar entrevistas flash, mesmo sem estarem preparados!

Depois há bandas enormes em que todos vão ser super carinhosos. Há gente que cai de cadeiras e gente que parte coisas. Aprendi que o CAEP precisa de pôr um aviso sobre o facto de as cadeiras só terem 3 patas!

Aprendi que há bandas que vão inventar desculpas para o seu nome ou simplesmente não têm explicações. Aprendi que vamos ser interrompidos... por boas razões. 

Aprendi que há artistas que querem mesmo saber de mim, que há artistas que permanecem comigo. Que partilham entrevistas e histórias, que nos dão à-vontade mesmo quando não sabemos falar a mesma língua. Uns vão facilitar e outros que vão complicar. Uns que dizem "A-B-C" e outros que dizem "a raiz quadrada de 144 é 12" (é?).

Também aprendi que há bandas que pura e simplesmente não querem saber. E outras que nos dão toda a atenção do mundo mesmo noutro continente. 

Cruzei-me com pais e filhos, com gente de (quase) todas as idades, com artistas franceses, argentinos, brasileiros e, claro, portugueses. Cruzei-me com escritores, com compositores, com pessoas de opiniões fortes. 

Entrevistei 15 bandas e 7 artistas individuais. Aprendi sobre outras culturas, como lidar com outras pessoas, que postura manter. Aprendi muitas outras coisas que guardo com carinho. E aprendi que há gente que permanecerá na nossa vida.

Há Artistas e artistas. Um muito obrigada àqueles que passaram e àqueles que ainda estão na minha vida. Amanhã faz um ano que fiz a minha primeira entrevista. E nem sempre nos dizem que sim.