/* */ Cor Sem Fim: FOTOGRAFIA || Exposição Música a Preto e Branco

FOTOGRAFIA || Exposição Música a Preto e Branco

FOTOGRAFIA || Exposição Música a Preto e Branco

É verdade: tenho uma exposição no CAEP.

Em 2014, antes de entrar para a Licenciatura, criei o Cor Sem Fim onde falo de várias coisas. Uma das minhas principais ideias era poder falar de coisas da região e poder puxar pessoas para a região. (Este foi um dos primeiros posts que fiz com esse propósito e muitos se seguiram como aquele em que falei do Hotel do Rossio ou do Mercado de Portalegre).

Ingressei no Ensino Superior nesse mesmo ano e no final de 2015 ofereceram-me a minha primeira máquina fotográfica à séria e eu pensei que podia explorar e começar a criar outras coisas, podia começar a tirar as minhas próprias fotografias e divulgar a região com registos próprios. Em Fevereiro de 2016, estava precisamente a meio da licenciatura e tinha um mês de férias no final do semestre. Decidi que não ia ficar parada, que tinha um mundo por explorar e muitas coisas para fazer, uma máquina fotográfica para testar e experimentar e decidi dirigir-me ao CAEP.

FOTOGRAFIA || Exposição Música a Preto e Branco

Lá perguntei se poderia entrevistar as bandas que lá iam e disseram-me prontamente que sim. Não envolveu burocracias nenhumas, ao contrário do que pensava que iria ser, e a resposta apanhou-me de surpresa de tão imediata que foi. Perguntaram-me se queriam que começasse na sexta-feira seguinte (se não me engano, fui lá perguntar numa quarta), e eu disse que sim. Fui para casa e comecei a pesquisar o que já tinha sido perguntado, que perguntas específicas poderia fazer àquela banda e pensei em tudo aquilo que acharia original para ser respondido, aquilo que tinha curiosidade e aquilo que seria diferente perguntar. 

Quis sair um bocadinho da caixa e quis que a criatividade fosse imperativa nas minhas entrevistas. Fugi às perguntas banais de "como se conheceram?" ou "quais as vossas influências musicais?" e procurei perguntas que dessem aos artistas algo para pensar, alguma "diversão". 

A minha primeira entrevista


FOTOGRAFIA || Exposição Música a Preto e Branco

A minha primeira entrevista foi também o meu primeiro concerto sozinha e a minha primeira saída à noite completamente sozinha. Não tinha ninguém em quem me apoiar ou para onde fugir se aquilo corresse mal e estava completamente focada e concentrada naquela que era uma nova experiência. Sentei-me numa cadeirinha, sossegadinha e comecei a tirar fotografias sentada. Até que o meu soon-to-be-professor veio ter comigo e estranhou, realmente, eu estar a tirar fotografias sentada. O concerto não estava cheio e, mesmo que estivesse, aprendi que não há qualquer problema em estar encostada às colunas, de joelhos, sentada ou perto dos artistas a fotografar (desde que respeite os espaços deles), estando o espaço cheio ou vazio e aprendi que as pessoas não nos vão olhar de lado porque nós estamos, de facto, a trabalhar. Este trabalho estendeu-se e eu não só fotografava como entrevistava bandas, conjuntos e artistas e aprendi e cresci imenso com esta experiência.

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Normalmente, temos a ideia de que os artistas são muito inacessíveis e muito complicados, que é difícil falar com eles, mas todos os que constam nas fotografias desta exposição foram pessoas simples de falar e de contactar. Pessoas que esperavam pela minha boleia se eu ficava até tarde, que me ofereciam o casaco se eu estava com frio, que me avisavam sobre certo tipo de perguntas. Fui aprendendo a lidar com diferentes tipos de pessoas, com diferentes requisitos, personalidades ou "extravagâncias", com diferentes tipos situações e entrevistas.

Tive artistas mais acessíveis e outros um pouco mais complicados, tive entrevistas de mais de uma hora porque as pessoas se sentavam e queriam falar e contavam histórias (algumas que ficam só entre nós) e tive entrevistas rapidíssimas, super flash, em 5 minutos. Tive bandas que estavam muito cansadas e doentes, tive bandas que me transmitiam conforto e "segurança". Entrevistei argentinos e eu não sei falar espanhol, fiz a entrevista em portunhol; entrevistei franceses e não sei falar francês, fiz a entrevista em inglês. Depois de ter entrevistado algumas bandas, começaram a convidar-me para algumas entrevistas (como foi o caso dos argentinos e dos franceses) tanto no CAEP como fora de lá. Fiz estas entrevistas ao longo de 2016 e 2017 e, de momento, estou parada porque ainda tenho algumas por publicar, mas pretendo regressar em 2018 em força.

Foi complicado?


Esta iniciativa foi algo que não me cortou tempo de escola (porque era à noite nas sextas e sábados; por vezes apenas num dos dias, por vezes em ambos. Inicialmente ia a todas as bandas, mas tive que começar a seleccionar também, conforme o tipo de artistas ou o género musical, por exemplo), nem tempo de estudo, tempo de diversão ou tempo de descanso. Tive de começar a aprender a lidar com esse tipo de situações: artistas que dispersavam, artistas que não respondiam a algumas perguntas. Percebi que artistas me iriam fazer aprender mais e enriqueceriam mais o meu trabalho e quais eu dispensaria investir qualquer esforço.

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Uma das coisas das quais me queixava (e hei-de continuar a queixar...) era a questão das luzes porque era algo sobre o qual eu não tinha nenhum controlo e era eu que me tinha de adaptar a essas condições. Havia concertos em que não me podia levantar (como no caso dos The Black Mamba e dos Capitão Fausto) no auditório grande e eu tinha de saber como adaptar o meu trabalho, captar aquilo que queria e precisava e tirar fotografias que transmitissem algo mesmo com essas condições. Fui partilhando o meu trabalho com os meus professores, aqui no blog, com amigos e fui ouvindo opiniões e fui percebendo quais fotografias gostava, quais não gostava e, mais importante, porque é que gostava ou não.

Decidi fazer esta exposição toda a preto e branco porque as cores e a mistura de cores que eu tinha traria uma maior confusão. Algumas fotos que tenho estão mal iluminadas e o preto e branco permitiu não só um escape e um disfarce para algumas imperfeições, mas também outro modo de interpretação das emoções (devido ao facto de não sermos influenciados pelas cores presentes nas fotografias).

Aprender a seleccionar e outras aprendizagens


Na minha opinião, e depois de ter tido esta experiência, a fotografia de concerto é algo muito instantâneo. As expressões que certos artistas fazem duram meros segundos e temos de as saber captar e quando as captar. No início não é fácil e muitas das vezes trabalhei com bandas que não conhecia ou não ouvia frequentemente, o que exigia outro tipo de trabalho no local e outro tipo de observação. Saber como transmitir emoções além das que são explicitamente expressas pelos artistas, foi outra das coisas que aprendi. O enquadramento da pessoa na imagem ou o ângulo do qual tiramos a fotografia influencia o sentimento que temos quanto a essa pessoa.


FOTOGRAFIA || Exposição Música a Preto e Branco

Fotografei bandas que me desafiaram. No caso dos Galgo, por exemplo, a música é vibrante, mas os artistas são mais parados. Concentram-se na música que estão a produzir e não a expressam de uma forma expressiva como no caso dos The Happy Mess ou da Mimicat, que são artistas que pulam, dançam, mexem-se. Tive de aprender que momentos captar e que momentos realmente valem a pena e, após tirar mais de 1000 fotografias, tive de aprender a seleccionar e como seleccionar. Se calhar se fosse olhar agora para as fotografias que escolhi, agrupá-las-ia de maneira diferente ou algumas nem escolheria. O nosso olhar vai evoluindo e quanto mais trabalho realizamos de forma consciente, mais conseguimos aprimorar alguns aspectos maiores assim como alguns detalhes que nos foram escapando, o que nos permite crescer e melhorar o nosso trabalho.


A montagem também importa


FOTOGRAFIA || Exposição Música a Preto e Branco

A exposição e a disposição das fotografias é uma peça de arte e também importa. Toda a montagem da exposição tem uma sequência lógica e uma razão de ser. Decidi agrupar artistas que tocam os mesmos instrumentos, mas que transmitem sentimentos diferentes. Foi essa a vertente que quis explorar mais a fundo nesta exposição: as emoções que cada músico transmite, como as transmitem e como interagem uns com os outros. Entre as fotografias podem ainda encontrar-se algumas frases que estas bandas proferiram durante as entrevistas e que achei relevante colocar.

Esta foi a minha primeira exposição a solo. Hoje retiro-a do local onde está e que me acolheu na maior parte desta minha aventura (CAEP). Não planeio deixá-la sossegada e tenho algumas ideias para estas fotografias.

***
Há alguma preferida aí desse lado? O que acham da exposição?

8 comentários:

  1. Muitos parabéns, Ju! Tens aí imagens brutais e é espectacular que tenhas conseguido reunir e expor este trabalho que claramente teve toda a tua dedicação :) keep going, girl!

    Jiji

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    1. Obrigada Jiji! <3 Há malta no CAEP mesmo muito simpática e que me ajudou em tudo isto. Poder expor então... foi fantástico!

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  2. Gostava imenso de conseguir ver a exposição! Que orgulho!!

    Beijinhos
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  3. Parabéns, Ju! Fantástico. És de iniciativa, e com gosto pela aprendizagem. Isso dá para ver neste post e neste blog. Reconheci-me na cena de tirar fotografias sentada... e eu, no caso, de longe... com esse medo de incomodar... também me fizeste recordar da simplicidade e da generosidade de Sérgio Godinho quando o entrevistei na Covilhã.
    Que continues a somar experiências e sucesso!

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    1. Obrigada Ana! Sim, gosto de ter *este* tipo de aventuras. O medo de incomodar tem de passar depois, se não não evoluímos.

      Beijinhos!

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  4. Obrigada! Era mesmo isso que eu queria :) Trazer a exposição para quem não a pode ver.

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  5. Este post deu-me uma visão completamente diferente da que eu tinha da fotografia de concertos! É algo que nunca me entusiasmou muito, e nem sei bem explicar porquê, mas dos vários tipos de fotografia, este sempre foi aquele que talvez menos me tenha chamado a atenção... No entanto, a forma tão "humana" como o descreveste a tua experiência deixou-me positivamente impressionada! A forma complexa como se capta as emoções de cada artista, o ambiente, o teu próprio olhar sobre o que está a acontecer... tem tanto que se lhe diga! Gostei muito, de verdade! :)

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