/* */ Cor Sem Fim: ACMA || Estado: LICENCIADA

ACMA || Estado: LICENCIADA

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Tem sido difícil escrever, mas finalmente achei algo.

O nosso percurso académico é algo muito interessante. Para uns é uma obrigação, para outros um privilégio ou uma bênção. Para uns é muito importante a diversão (e quem não o faz "não sabe aproveitar a vida") e para outros os estudos vêm primeiro. Claro que depende muito da pessoa, do quão extrovertido ou introvertido é, de quais são as suas paixões, mas equilíbrio é a palavra-chave.

Sempre fui daquelas pessoas que adora estudar. Dizerem-me "mas não estás a aproveitar nada" para mim não faz sentido porque isto é aquilo que eu gosto e é aquilo que quero aproveitar. Sempre tive uma ideia definida do que queria seguir MAS quando me candidatei [para a Licenciatura] mudei de ideias (por factores que aqui não interessam muito, mas cada um tem as suas razões). No entanto, não é sobre isto que vos venho falar hoje.

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Toda a nossa vida escolar está mais ou menos definida. Até ao 9º ano está tudo na escolinha, sem terem de se preocupar com escolher nada (eu só tive de escolher entre Educação Tecnológica ou Educação Visual, acho que no 9º ano) e no 10º pedem-nos para escolhermos um caminho que pode (ou não) definir o resto do nosso percurso. Complicado, não é? Ainda assim, já está um pouco enraizado na nossa sociedade que quando se termina o 9º se vai para o 10º e não há "desistências" (até porque muitas das pessoas ainda não têm sequer os 18 anos então têm de prosseguir os estudos). Lá escolhemos a nossa área e o curso que nos vai acompanhar nos próximos, normalmente, 3 anos. Tudo calmo, tudo pacífico. Os anos decorrem sem grande stress de escolhas ou decisões. Mas, chegando ao 11º/12º, as cabeças dos adolescentes começam a dar nós a tentar descobrir o que raio querem fazer do resto das suas vidas.

Fazemos testes psicotécnicos, fazemos exames com notas alteradas pela pressão, vamos a feiras de cursos como a Futurália, falamos com pais, professores, colegas, amigos mais velhos, pesquisamos na Internet. À partida já temos uma área definida tendo em conta o curso que escolhemos no 10º ano, mas isso não quer dizer nada. Do 10º ao 12º muita coisa muda. Vontades, ideias, paixões. Começamos a ter uma melhor percepção das coisas e a pensar "será que ir para esta Licenciatura me abrirá mais hipóteses de emprego ou é melhor escolher outra área?". Por vezes, chegam até a mudar de curso ainda no decorrer do Secundário. Até ao 9º ano ninguém tinha preocupações sobre o que fazer da vida (excepto quando a tia nos perguntava o que queríamos ser quando formos grandes) e no 12º surge uma questão que pode (e vai) mudar muita coisa.

Pelo sim, pelo não, chegamos a preencher as 6 opções (no caso de concorrermos pelo Concurso Nacional de Acesso), ou pelo menos 2 ou 3, para que possamos ter acesso a mais cursos, caso não entremos na primeira opção. Enchem-nos os ouvidos de promessas de que serão os melhores anos da nossa vida, de que a praxe assusta ou então é muito boa, de que vamos fazer amigos para a vida. Aproveita as noites académicas! Vai às praxes! Estuda muito! Faz ERASMUS! Faz isto! Faz aquilo! Malta, 3 anos passam a correr. Nem dá tempo para pestanejarem. 

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Não posso dizer que os meus 3 anos de Licenciatura foram horríveis e uma porcaria. Não foram. E, se são caloiros, não pensem que estou aqui a queixar-me. Os meus anos de Licenciatura foram diferentes. Cresci. Aprendi novas coisas. Apaixonei-me e interessei-me por assuntos novos que não estavam nos meus planos. Mas também sofri um bocadinho. Chorei imenso. Gritei com tudo e com todos. Andei exausta e a querer arrancar cabelos a alguns professores. Reclamei (IMENSO). Mas cheguei ao fim. E aqui começa o meu problema.

Do 1º ao 12º ano temos um caminho traçado: estudar. Quando acabamos esse período, muita gente segue os estudos, seja para Licenciaturas, Mestrados Integrados ou CTesP. E acabada a Licenciatura? É um buraco negro. É aquela fase para a qual ninguém nos prepara. Faz sentido seguirmos os estudos? Vamos já trabalhar? Na minha área, por exemplo, é complicado fazer portefólio enquanto estudamos. Então como entramos numa empresa sem termos trabalho sem ser académico para mostrar?

Chegada a esta altura, é normal sentirmo-nos perdidos. Sei o que quero fazer, mesmo que haja quem diga que não consigo ou não devo. Por um lado, querer seguir um mestrado dá-nos mais tempo para nos podermos preparar para o que aí vem, para podermos pesquisar mais. Mas se 3 anos não é nada, 2 ainda são menos. No entanto, vários mestrados já têm integração em ambiente profissional (aka estágios). A minha Licenciatura não tem e acho que isso acaba por dificultar um pouco esta saída da Licenciatura. É como se os estudos fossem um bebé e de repente o arrancassem dos nossos braços e ficamos pais desamparados, sem o nosso bem precioso. É preciso manter a calma para não entrar em parafuso.

E vocês? Qual o ponto em que estão?


***

O tema destes dois meses do ACMA é Futuro. Eu decidi dar-vos esta minha perspectiva mais pessoal sobre o futuro do ensino e o nosso percurso escolar. Todas as publicações do projecto serão divulgadas no nosso Facebook, como sempre, e na nossa revista que sairá em Novembro (já leram a primeira edição?). Qualquer coisinha é só mandarem um mail para acma.cultura@gmail.com. Lá vos espero!

20 comentários:

  1. No final do meu Secundário optei por não ingressar no Ensino Superior, apesar de gostar de estudar, achei que não era aquilo que queria. Tirei um curso em Turismo e agora nem consegui encontrar trabalho na área. Agora, tenho pensado em voltar a estudar e está a tornar-se difícil escolher :)

    Visita-me ❤ Freedom Girl

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    1. Tenho alguns posts por aqui que falam disso, mas o que eu acho é que devemos aliar o que gostamos e queremos fazer àquilo em que somos bons e nos trará algum retorno. Vais ver que vais conseguir :)

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  2. Vou "puxar a brasa à minha sardinha" e sugerir a leitura deste artigo: https://deixaser.pt/decidir-futuro-num-mundo-em-constante-mudanca/
    Na esperança de que seja útil a alguém =)

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    1. Obrigada Filipa! Com certeza vai ser útil :)

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  3. Então Joana, estou pra te dizer que estou com quase 32 anos e até hoje não sei exatamente o que quero fazer "quando crescer". Entrei na faculdade de Turismo com 19 anos, mas antes disso pensei em Jornalismo, Psicologia, Medicina Veterinária, Fotografia, Artes Cênicas, Artes Plásticas, Assistência Social, Fisioterapia, Letras Inglês e Letras Português.
    Já fiz alguns períodos de Pedagogia também, e ano passado iniciei a faculdade de Marketing!!
    Eu nunca tive muito claro o que quero fazer e sigo sem ter essa clareza e é bem frustrante e assustador. :(
    Espero que você se encontre na área escolhida e tenha uma carreira brilhante! :)

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    1. Bem, tantas áreas diferentes! Se calhar ainda não achaste a tua paixão. Vais ver que vais chegar lá :) Obrigada e boa sorte!

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  4. Olha, eu estou no 12ºano (aliás, falei disso no meu post) e estou a tentar não ficar demasiado obcecada com o assunto "o que fazer na faculdade", embora já tenha ideias definidas. Vamos ver como corre.

    Beijinhos,
    inesmartinsxx.blogspot.pt

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    1. Se precisares de ajuda, podes falar comigo!

      Beijinhos

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  5. Já estou no 2º ano da licenciatura e concordo, passa mesmo muito rápido. Nem quero pensar que para o ano já estou a terminar

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    1. Vai tudo correr bem se mantiveres a calma (fácil falar, né...), mas vai analisando já as tuas possibilidades!

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  6. Acho tão compicado e triste até vc ter que escolher seu futuro com 16/17 anos. Até então a gente mal se conhece direito, não sabe o que quer rs Tb passei por essa questao de nao escolher direito, mas como vc tb nao me arrependo, cresci muito, aprendi muito e as coisas que aprendi na minha licenciatura sei q vao me ajudar infinitamente.
    Bjs flooor, vou clicar na pagino do face pra conhecer o projeto

    http://cariocadointerior.com.br/index.php/2017/10/04/compras-na-bienal-do-livro-rj-2017/

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    1. Eu acho que escolhi o que era certo. Espero que gostes do projecto!

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  7. Em que ponto estou? Deixa ver: acabei o curso, fiz um estágio horrível de 9 meses através do IEFP, em que exploraram ao máximo todos os meus recursos e tudo o que eu sabia fazer. Saí de lá com vontade de nunca mais ver aquelas caras à frente. Depois encontrei um trabalho decente, fora da minha área de formação, mas que de vez em quando me deixa fazer algumas coisas relacionadas com isso. Fiquei efectiva e lá estou. Se tem sido fácil? Não.

    Se acho que valeram a pena os 3 anos de universidade? Assim-assim. A universidade não nos prepara para o mundo de trabalho. Nem de perto, nem de longe. Não te mostra o caminho como devia de o fazer e essa é a minha maior desilusão quanto à universidade.

    Já quanto ao mundo do trabalho, eu sei bem como tudo funciona, desde os 18 que trabalho e sei como é atendimento ao público e tudo mais. Se acho que vou ficar-me por estes estudos que tenho? Não, eu quero tentar umas formações noutras áreas só para me "preparar" melhor para o futuro e para o meu emprego.
    Mas é isso que eu acho que falta no ensino em Portugal: mais oportunidades de haverem estágios profissionais ou algo assim na escola pública.

    Make it flower

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    1. A universidade prepara-nos mais intelectualmente com conhecimentos e práticas do que para o mundo de trabalho. O que é triste é que desde sempre que nos dizem que temos de trabalhar, que temos de ter um trabalho e um emprego mas não nos dizem como. Não nos guiam, não nos dão ideias e chegam a desvalorizar o ensino profissional porque "estudar é que é". Estudar é que é dependendo do que nós queremos ao certo. O facto da minha Licenciatura não ter estágio é, também, um pouco aborrecido porque seria algo que ligaria todos os meus estudos ao mundo de trabalho e, não o tendo, "quem sou eu".

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  8. Parabéns Miúda!!! Excelente texto e uma óptima reflexão... Continua com essa vontade de fazer coisas novas e inteligentes e não descures nunca a vontade de aprender sempre mais. O Futuro constrói-se dia a dia. Orgulhamo-nos da tua postura.

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  9. Olá Miuda!
    Cresci a ouvir os meus pais a dizer que me tinha que licenciar, que precisava de um futuro além do que eles me poderiam proporcionar. Entretanto passei com algumas peripécias pelo meio fiz até ao 12º ano em artes, depois resolvi fazer curso profissional (10º / 11º e 12º) em Design Industrial e só depois segui para a faculdade fazer Design, comecei a trabalhar cedo em outra área completamente distinta. Hoje vejo-me com um curso na mão mas o qual não exerço. Mas teve as suas mais valias, pois ganhei polivalência no que faço, ganhei novos conhecimentos, etc. Beijinhos!

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    1. Obrigada pelo teu testemunho! Beijinhos :)

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  10. É mesmo um género de buraco negro... eu adorei os meus 3 anos de faculdade, fui estudar para longe mas conheci pessoas que levo para a vida, conheci outros sítios, fiz Erasmus, tive aulas espectaculares e aprendi imensa coisa! Claro que tbm passei por aquele stress de final de ano... frequências, trabalhos e tudo e mais alguma coisa nos últimos meses... a falta de descanso que nos leva aos humores terríveis... etc etc em especial no último ano que ainda tive mais o estágio no meio de tudo isso... e depois do nada terminou tudo... e durante as 2 semanas que fiquei para terminar o meu relatório de estágio ficava muitas x em pânico a pensar “ok e agora?”
    Depois essa ansiedade acaba por passar e acabas por “traçar um plano” e sair desse buraco negro.
    Gostei imenso do texto!!
    Beijinhos Tanya M. - Isto é só + um vlog

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    1. Não percebo é porque é que nos preparam para tudo excepto para o final. Quer dizer, parecemos aqueles GPSs que só conhecem as estradas até certo ponto e a partir daí o mapa não existe, haha

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