/* */ Cor Sem Fim: Eu perguntei, LaBaq respondeu

Eu perguntei, LaBaq respondeu

Eu perguntei, Larissa respondeu

Larissa, 29 anos, brasileira. LaBaq.

Quando a entrevistei, ainda ela tinha rastas/dreads, que acabou por cortar nessa semana na realização do videoclip da música Vida Que Segue que fez em Setúbal.

Isto porquê? Tudo remonta à pergunta costume das minhas entrevistas: 3 palavras que a definam enquanto artista e enquanto pessoa. Curiosidade. Plural. E Voa, o nome do disco dela. A minha curiosidade ficou aguçada: porquê plural?

LaBaq considera-se uma pessoa de vários estilos. As pessoas acabavam por a definir muito com, citando-a, "você toca jazz, você toca rock" e ela sempre achou que isso seria fechar o mundo que ela toca em possibilidades que, ainda que abrangentes, pouco abertas. Ela gosta de fazer várias coisas e de tocar várias coisas e sentia que ela era muito mais que um género

Como é que isto tudo se liga aos dreads? Simples. Ela não quer que associem a LaBaq a um som, a uma imagem ou a algo específico. LaBaq é algo que muda, que varia, que se transforma. As rastas foram mudando de cor e depois desapareceram (como disse lá em cima). Foram 5 anos com rastas.

A música vem muito antes do seu cabelo e da sua imagem. Isso é apenas uma pequena parte. Apesar de a indústria musical ser muito focada no visual, ela não quer ir por uma via tão comercial e ter de mudar quem é para agradar. É importante para ela, sim, como está tudo visualmente e tem de sentir que é isso que ela quer para mudar, seja tendência ou não.


Públicos e Sítios


Eu perguntei, Larissa respondeu

Larissa já tinha estado em Portugal (numa passagem rápida para ir para Barcelona) e ambiciona tocar em Tóquio e no Barbican, em Londres. Para terceiro lugar, disse que podia ser qualquer um, mas que gostava de abrir um concerto da Annie Clark. O que responde à pergunta que lhe ia fazer a seguir: artistas com que gostava de tocar. No entanto, não se limitou a uma hipótese e disse que gostava de tocar, também, com a Becca Stevens.

Quanto a públicos, diz que gostou muito do público do Uruguai, num teatro importante. Já em Portugal, gostou muito do concerto no Salão Brazil, em Coimbra, que se realizou uns dias antes de eu a entrevistar.

Família e Infância


Eu perguntei, Larissa respondeu

Os pais nunca lhe impuseram nada de música. Ela absorvia o que eles ouviam: Pink Floyd, do pai, e músicas mais tradicionais do Brasil, da parte da mãe. Foi uma influência indirecta e não imposta.

Tem dois irmãos mais novos, dos quais também falámos um pouco. Assim como do seu percurso: desde o seu brinquedo de infância à actualidade. O brinquedo do qual ela decidiu falar foi um rádio de brincar que tinha 5 botões. Cada botão tinha um loop de uma batida de bateria. A diversão durava até acabarem as pilhas... da casa toda.

Cresceu e estudou bateria e percursão. Mas não só. Começou com um violão de nylon e passou para a guitarra (porque queria Rock'n Roll - estilo Nirvana - e teve uma banda de adolescente). Estudou audiovisual e talvez seja por isso que liga tanto o visual ao áudio.

Já o primeiro concerto a que se lembra de ter ido, foi bem claro e com justificação! Tinha 5 anos quando foi ver a dupla Sandy & Junior e, mais tarde, Hanson Trio. Isto porque ela se identificava com a proximidade da idade o que a fazia pensar "se eles conseguem, eu consigo".

Diferenças Culturais


Eu perguntei, Larissa respondeu

Falámos sobre música portuguesa. Disse que ouviu fado, acha bonito e respeita a história, mas que "não pega". Assim como Xutos & Pontapés, que ela achou giro e divertido, mas não sente uma ligação com o trabalho que faz. Ao invés, gosta de Surma e First Breath After Comma (sabiam que o Artur, dos The Town Bar, também toca com eles?), porque se identifica mais e acha mais perto do que o que ela faz.

Na altura, eu estava a desenvolver o meu projecto sobre medos (do qual falarei mais em breve - gostavam de ver mais?) e falámos sobre isso. Ela tinha a cabeça vazia de medos, estava completamente traquila, mas ainda assim conseguiu dizer um medo que tinha: medo que o Brasil fique um lugar muito triste e de não conseguir ajudar os pais como quer.

Para terminar


Eu perguntei, Larissa respondeu

Porque é que o seu disco se chama Voa? Porque ela sempre gostou muito de andar para lá e para cá, de viajar. Considera isso importante para amadurecer (maturar, como ela diz) e para conhecer outras coisas. Ela publicava as fotos das suas viagens no Instagram e as pessoas comentavam "Voa Lari". Ela achou isso muito fofinho (esta foi a palavra da entrevista) e acabou por chamar assim ao seu disco.

Quando a entrevistei, escolheu como sua música favorita sua "Vida Que Segue" (aquela que ela filmou depois). Estava a gostar de Portugal e gosta muito do frio!

Para terminar, já dormiu com um urso de peluche e agora é com a guitarra e tem um backup plan: poder trabalhar com produção musical e produção de eventos.

Eu perguntei, Larissa respondeu


Voa Lari.

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